Toda vez que encontro algo muito bom aqui, sinto uma
mistura de felicidade com tristeza: felicidade por poder aproveitar aquela
coisa no momento e tristeza porque sei que no Brasil não vou encontrar mais. A
maioria dessas coisas são comidas, mas também existem alguns lugares e mesmo
situações de que vou sentir muita falta – sobre meus amigos acho que nem
preciso falar. Como geralmente meus textos são muito longos, hoje decidi trazer
algo mais leve, então vai ser só uma lista das minhas coisas preferidas e das
coisas que eu menos gosto na China.
As coisas das quais mais vou sentir falta
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Pepino com alho: no topo da lista, claro que estaria uma comida, a minha comida
preferida nesse país. Sempre gostei muito de pepino, mas nunca foi algo
cotidiano – infelizmente. Porém aqui eles comem bastante e acabei descobrindo
essa nova maneira de preparar o pepino que pode ser consumida como
café-da-manhã, almoço ou jantar (muitas vezes eu como nas três refeições). É só
pepino cru cortado em rodelas com alho cortado em pedacinhos por cima, bem
simples e uma delícia!
(Jiaozi preparados a vapor e servidos numa panela de
bambu típica da China)
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Baozi e Jiaozi: são dois “bolinhos” tradicionais da China, bastante oleosos, preparados
com uma massa especial que enrola todo tipo de recheio, desde carnes a
vegetais. Meu sabor preferido nos dois casos é carne de porco – o que foi um
tanto irônico para mim, pois no Brasil eu não costumava comer carne de porco
por não gostar do sabor, mas aqui ela é preparada de uma maneira diferente que
fez com que se tornasse minha carne preferida.
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Segurança:
com certeza vou sentir falta da liberdade que tenho aqui de poder andar sozinha
na rua no meio da noite, de poder usar o celular na parada de ônibus, de não
precisar ter outro celular para entregar para o assaltante e poder manter o meu
verdadeiro; enfim, vou sentir falta de poder viver normalmente.
- Confeitarias: como a viciada em doces que sou, estou sempre procurando confeitarias
para frequentar, e as daqui da China possuem inúmeras vantagens em comparação
com as do Brasil: os preços são muito menores e a quantidade de opções de
lugares é muito maior! Isso sem mencionar o fato de que todos os doces que já
comi aqui estavam deliciosos e, pelo menos antigamente no Brasil, eu costumava
ter muita dificuldade para encontrar doces confeitados que me agradassem.
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Preços: apesar
de ainda não ter ido às compras aqui – só ao supermercado, porque aparentemente
a comida é minha prioridade em diversos aspectos – eu já percebi que os preços
são muito baixos e tudo que eu precisei comprar, como tênis, meias, foram muito
mais baratos do que seria no Brasil, menos da metade do preço do que seria em
reais – isso sem considerar o fato de que o real custa o dobro do yuan. Uma das
coisas que mais gostei aqui, em termos de compras, é que os cadernos são muito
baratos! Comprei dois cadernos lindos por cerca de dez reais, o que nunca seria
possível no Brasil.
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(Salada de frutas encontrada em feiras típicas chinesas)
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Frutas: já
deu para ver que comida é o que mais vai me fazer falta, mas dentre todas as
coisas que eu como aqui, as frutas são as melhores! Muito mais deliciosas que
as do Brasil, muito mais doces e maiores! E aqui as pessoas têm muito mais costume
de comer frutas – eu como de duas a cinco maçãs por dia, quatro bananas e pelo
menos metade de uma melancia (quando minha família descobriu que eu gosto muito
de melancia eles passaram a me trazer uns cinco pratos com algumas fatias todo
dia), fora as outras frutas que como em porções menores – elas são servidas em
todo tipo de lugar, inclusive nos karaokês e nas boates.
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Transporte público barato: aqui em Changchun o ônibus custa só 1 yuan e a Light
Rail (que é tipo um metrô ao ar livre) custa 2 yuan. O tamanho dos ônibus é um
pouco menor que os de Natal, a qualidade é equiparável, mas o preço é,
definitivamente, mais em conta e mais justo – fora que aqui a gente não precisa
se preocupar com a possibilidade do ônibus ser assaltado.
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NanHu Park: é
um dos meus lugares preferidos na cidade, que merece um texto e uma sessão de
fotos só sobre ele, pois além de lindo é enorme e cheio de coisas para fazer!
Definitivamente vou sentir falta, até porque posso ir andando para lá da minha
casa.
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Comer com palitinhos: apesar de a maioria das pessoas não confiar nas
minhas habilidades, eu me acostumei e gosto bastante de comer com os
palitinhos; vou sentir muita falta! Claro que já comprei os meus para levar de
volta para o Brasil, mas as comidas aqui são próprias para comer com eles,
então talvez eu não tenha tanas oportunidades para utilizá-los.
As coisas das quais não vou sentir nenhuma falta
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Pessoas fumando sem parar: acho que já deixei claro que odeio cigarro e isso
consiste em um motivo bastante concreto para eu não pensar em morar aqui.
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Pessoas cuspindo sem parar: quando me disseram que as pessoas cuspiam demais na
China achei que era mais um daqueles estereótipos, mas não. Quando estou
caminhando, vejo tanta gente cuspindo sem parar que não consigo deixar de
pensar de onde será que sai tanta saliva.
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Quase ser atropelada todos os dias: não deixaria de morar na China por causa disso, até
porque – não vou mentir – acho um pouco engraçado quando isso acontece, mas vai
ser legal poder atravessar ruas em segurança mais um vez.
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Pessoas me encarando em todos os lugares: por ser estrangeira, acabo chamando mais atenção do
que gostaria, e os chineses não sabem – ou não querem – disfarçar quando
percebem que sou ocidental. Já vi gente tirando foto minha “discretamente” em
inúmeras ocasiões e sempre que estou acompanhada de um chinês, a maioria das
pessoas pergunta de onde eu sou. Não tenho nada contra isso, exatamente, só que
as vezes me sinto um pouco intimidada por tantos olhares.
Acho que deixei bem claro que, apesar de tudo, vou
ter mais razões para sentir falta desse país do que para não querer voltar. Na
verdade, apesar de a questão do cigarro me fazer rejeitar um pouco a ideia de
morar aqui por um longo período, não me importaria de voltar muitas vezes e
passar mais alguns meses, mesmo alguns anos. Amo muito esse país. Todas as
pessoas são boas comigo, fiz grandes amigos, vivo grandes aventuras e todos os
dias aprendo algo novo. Nunca vai existir razão forte o suficiente para acabar
com meu amor pela China!
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