Depois da lista de coisas que eu mais amo na China e
que vou morrer de saudades quando voltar, decidi fazer também uma lista das
coisas que fazem falta no Brasil, porque, apesar de não parecer, elas existem
sim.
O que faz falta do Brasil
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Carinho: pode
parecer muito carente da minha parte começar assim, mas talvez seja mesmo. Não
estou falando, contudo, daquele carinho romântico, e sim do carinho que as
pessoas costumam ter umas com as outras. Eu, particularmente, gosto muito de
abraços, e adoro nosso costume de sempre abraçar as pessoas como maneira de
cumprimentá-las. Isso, claro, não acontece aqui. E a pior parte é que, quando
eu tenho intimidade suficiente para abraçar alguém e tentar resgatar um
pouquinho desse sentimento de afeto, as pessoas não sabem abraçar direito! Sim,
existe jeito errado de abraçar, pelo menos para mim: abraço muito frouxo ou
aquele abraço meio de lado, meio sem jeito; isso não é abraço. Era tão comum
para mim abraçar meus amigos e minha família no dia cotidiano – assim como abraçar pessoas que acabei
de conhecer como cumprimento – que o fato de não ter mais isso começou a fazer
mais falta do que eu imaginaria. Vai ver no fim das contas demonstrações de
afeto fazem mais diferença do que pensamos.
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Dirigir: eu
gosto muito de dirigir, pois me dá a mesma sensação de liberdade que tenho ao
poder andar pela cidade, infelizmente, mesmo que pudesse, não acho que teria
coragem de dirigir aqui em Changchun, porque, como já falei, os carros são
loucos demais.
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Feijoada: não
tem como não sentir falta da minha comida preferida. Para a minha sorte,
conheci uma família de brasileiros muito simpática aqui na cidade, que, dentre
tantas outras coisas que fazem por mim, me convidaram para comer feijoada –
feita com feijão brasileiro! Toda vez que estou com eles é como estar de volta
ao Brasil, mas com um pouco daquela sensação de nunca querer voltar porque,
afinal, a vida na China acaba sendo melhor em muitos aspectos.
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Cuscuz e tapioca: separei esses dois da feijoada porque são amores e saudades diferentes.
Ainda deu para eu encontrar uma feijoada aqui, mas cuscuz e tapioca acho bem
mais difícil – para não dizer impossível. Sinto muita falta de poder comer isso
todos os dias, de poder encontrar em praticamente qualquer restaurante ou
barraquinha pela universidade. É o tipo de coisa que a gente só valoriza quando
perde.
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Festas: já
falei um pouquinho sobre como funcionam as baladas aqui da China, mas não é só
isso que as torna um pouco menos divertidas, a companhia também faz toda a
diferença. Os chineses são muito mais tímidos e fechados; não é que meus amigos
não sejam legais, é só que não sabem se divertir como brasileiros. Em geral
acaba sendo mais divertido sair para essas coisas com estrangeiros, mas,
afinal, não é culpa dos chineses, é uma questão cultural.
O que não faz falta do Brasil
Basicamente todas as coisas
que não fazem falta para mim estão relacionadas a situações que já citei em
outros textos e, na maior parte, consistem no oposto das coisas que mais amo
sobre a China, vou listar, então, só as principais. A lista é pequena porque
não é só aqui que eu tento sempre olhar para os aspectos positivos; talvez
existam outros pontos negativos sobre o Brasil, porém não são coisas sérias o
suficiente para me deixaram um pouco triste por ter que voltar – esses dois são
os principais pontos e os que vou sentir mais falta de ter na minha vida.
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Segurança:
como já disse no texto sobre minhas coisas preferidas na China, é muito bom
poder andar durante a noite com o celular na mão, ouvindo música e sem me
preocupar. E não é algo que só eu penso, todos os brasileiros que conheci aqui
na China afirmaram que não querem voltar a morar no Brasil principalmente por
essa questão de segurança – e que, inclusive, dentre todos os países, preferem
continuar aqui na China.
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Transporte público: também estava na minha lista de coisas preferidas na
China, pela questão do preço equivalente à qualidade; aqui vou acrescentar que,
fora o preço alto, no Brasil lutamos contra a falta de opções, pelo menos em
Natal, o que consiste em outro agravante para eu não sentir falta do sistema de
transporte público dessa minha antiga cidade. Por ter um carro, eu não preciso
utilizar transporte público, mas se ele fosse de melhor qualidade talvez muitas
vezes acabasse compensando muito mais para mim usá-lo em vez de dirigir – pelo
menos aqui em Changchun, mesmo se eu tivesse uma Ferrari, iria acabar
preferindo andar ou utilizar o transporte público na maior parte do tempo.
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