12 de outubro de 2016

As saudades


Depois da lista de coisas que eu mais amo na China e que vou morrer de saudades quando voltar, decidi fazer também uma lista das coisas que fazem falta no Brasil, porque, apesar de não parecer, elas existem sim.

O que faz falta do Brasil


-       Carinho: pode parecer muito carente da minha parte começar assim, mas talvez seja mesmo. Não estou falando, contudo, daquele carinho romântico, e sim do carinho que as pessoas costumam ter umas com as outras. Eu, particularmente, gosto muito de abraços, e adoro nosso costume de sempre abraçar as pessoas como maneira de cumprimentá-las. Isso, claro, não acontece aqui. E a pior parte é que, quando eu tenho intimidade suficiente para abraçar alguém e tentar resgatar um pouquinho desse sentimento de afeto, as pessoas não sabem abraçar direito! Sim, existe jeito errado de abraçar, pelo menos para mim: abraço muito frouxo ou aquele abraço meio de lado, meio sem jeito; isso não é abraço. Era tão comum para mim abraçar meus amigos e minha família no dia cotidiano – assim como abraçar pessoas que acabei de conhecer como cumprimento – que o fato de não ter mais isso começou a fazer mais falta do que eu imaginaria. Vai ver no fim das contas demonstrações de afeto fazem mais diferença do que pensamos.

-       Dirigir: eu gosto muito de dirigir, pois me dá a mesma sensação de liberdade que tenho ao poder andar pela cidade, infelizmente, mesmo que pudesse, não acho que teria coragem de dirigir aqui em Changchun, porque, como já falei, os carros são loucos demais.

-       Feijoada: não tem como não sentir falta da minha comida preferida. Para a minha sorte, conheci uma família de brasileiros muito simpática aqui na cidade, que, dentre tantas outras coisas que fazem por mim, me convidaram para comer feijoada – feita com feijão brasileiro! Toda vez que estou com eles é como estar de volta ao Brasil, mas com um pouco daquela sensação de nunca querer voltar porque, afinal, a vida na China acaba sendo melhor em muitos aspectos.

-       Cuscuz e tapioca: separei esses dois da feijoada porque são amores e saudades diferentes. Ainda deu para eu encontrar uma feijoada aqui, mas cuscuz e tapioca acho bem mais difícil – para não dizer impossível. Sinto muita falta de poder comer isso todos os dias, de poder encontrar em praticamente qualquer restaurante ou barraquinha pela universidade. É o tipo de coisa que a gente só valoriza quando perde.

-       Festas: já falei um pouquinho sobre como funcionam as baladas aqui da China, mas não é só isso que as torna um pouco menos divertidas, a companhia também faz toda a diferença. Os chineses são muito mais tímidos e fechados; não é que meus amigos não sejam legais, é só que não sabem se divertir como brasileiros. Em geral acaba sendo mais divertido sair para essas coisas com estrangeiros, mas, afinal, não é culpa dos chineses, é uma questão cultural.


O que não faz falta do Brasil


Basicamente todas as coisas que não fazem falta para mim estão relacionadas a situações que já citei em outros textos e, na maior parte, consistem no oposto das coisas que mais amo sobre a China, vou listar, então, só as principais. A lista é pequena porque não é só aqui que eu tento sempre olhar para os aspectos positivos; talvez existam outros pontos negativos sobre o Brasil, porém não são coisas sérias o suficiente para me deixaram um pouco triste por ter que voltar – esses dois são os principais pontos e os que vou sentir mais falta de ter na minha vida.

-       Segurança: como já disse no texto sobre minhas coisas preferidas na China, é muito bom poder andar durante a noite com o celular na mão, ouvindo música e sem me preocupar. E não é algo que só eu penso, todos os brasileiros que conheci aqui na China afirmaram que não querem voltar a morar no Brasil principalmente por essa questão de segurança – e que, inclusive, dentre todos os países, preferem continuar aqui na China.

-       Transporte público: também estava na minha lista de coisas preferidas na China, pela questão do preço equivalente à qualidade; aqui vou acrescentar que, fora o preço alto, no Brasil lutamos contra a falta de opções, pelo menos em Natal, o que consiste em outro agravante para eu não sentir falta do sistema de transporte público dessa minha antiga cidade. Por ter um carro, eu não preciso utilizar transporte público, mas se ele fosse de melhor qualidade talvez muitas vezes acabasse compensando muito mais para mim usá-lo em vez de dirigir – pelo menos aqui em Changchun, mesmo se eu tivesse uma Ferrari, iria acabar preferindo andar ou utilizar o transporte público na maior parte do tempo. 

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