Da trilogia: Por que as feministas são tão chatas?
(Imagem: Capricho) |
Na última parte tratamos da
cultura do estupro e das mulheres dramáticas que se fazem de vítimas e têm seus
crimes levados ao ridículo porque a sociedade se nega a admitir que são coisas
sérias.
É claro que, para quem nunca
vai sofrer com isso, é a coisa mais fácil do mundo abrir a boca e dizer que não
existe, porque somos seres tão egoístas que muitos de nós só conseguem se
importar se sentirem na pele. Então sim, a culpa é um pouco dos homens, das mulheres, e também as mães dessas pessoas têm sua parcela de responsabilidade. Ninguém é
100% inocente ou 100% culpado.
As mães foram criadas assim,
com essa ideologia imposta, portanto, assim passaram para seus filhos, que
hoje, sem ter plena consciência (ou quem sabe até mesmo tendo), pregam contra
suas próprias mães. Pois ao utilizar comentários machistas a favor, ou
“não-contra”, o estupro, por exemplo, eles estão concordando que se um homem
estuprar suas mães, elas quem quiseram. Imagino se existe alguém insensível o
suficiente para pensar dessa maneira em relação à pessoa que lhe deu a vida e
que se dedicou a cuidá-lo com tamanho carinho.
O fato é que esses homens
podem odiar as feministas porque suas mães não são feministas, elas não são
chatas, não ficam queimando sutiãs, elas só são mães, lavam a louça, arrumam o
quarto de seus queridinhos, cozinham para eles, fazem todas as suas vontades e,
enquanto for assim, vai estar tudo bem para as mulheres, pois elas só vão estar
cumprindo seu papel. Ou seja, servir ao homem.
É por assistirem ao seu maior exemplo de feminilidade se submeter a tais
condições que seu subconsciente passa a associar aquilo à normalidade, afinal,
é o que se observa todos os dias. Então, sem saber (espero), os homens que
defendem o machismo desrespeitam suas próprias mães, pois pregam que por elas
serem mulheres não deveriam, por exemplo, reclamar por ganhar menos.
O mesmo ocorre com as
mulheres machistas. Vítimas de uma sociedade extrema que se recusa a aceitar
opiniões diferentes, sedimentam suas crenças e começam a justificá-las a si
mesmas. "Eu prefiro ser assim, ora, homem nasceu para cuidar da mulher, meu
papel é cuidar da minha casa e dos meus filhos, o que há de errado nisso?"
Exato. Nada. Porque as feministas nunca disseram que é errado você querer ser dona de casa pois ao analisar
outras alternativas decidiu que essa era a melhor opção para si. Elas só dizem
que esse é um estereótipo de mulher (e nem todo estereótipo é negativo,
são utilizados apenas para que a
experiência com situações anteriores similares nos auxilie com o modo de agir
com outra situação) e que você não é obrigada
a fazer isso se não quiser. Donas de casa podem ser feministas, basta acreditar (e ver isso na prática) serem iguais aos seus maridos.
E ainda existem as mulheres
que não acreditam que precisam de feminismo, pois alegam já viver em igualdade
com os homens. Não as culpo, quem sabe realmente assim o seja com elas. Mas
quantas são essas mulheres iguais que não precisam do feminismo em comparação
com as que precisam? Além disso, só por já terem alcançado um nível de
igualdade que consideram satisfatório, isso é motivo suficiente para não ajudar
outras que ainda não conseguiram? Para ridicularizá-las por isso?
O que se percebe na maioria desses casos é o egoísmo. "Já estou bem, para que perder meu tempo “lutando” se, na verdade, já somos iguais?" É chocante a falta de sensibilidade dessas mulheres, que veem os homens acima de tudo e as mulheres como inimigas, concorrência, não como irmãs. Contudo, o ser humano tem sua personalidade e crenças formadas com base no ambiente em que vive. Se elas pensam assim, foi porque algo as fez acreditar nisso.
O que se percebe na maioria desses casos é o egoísmo. "Já estou bem, para que perder meu tempo “lutando” se, na verdade, já somos iguais?" É chocante a falta de sensibilidade dessas mulheres, que veem os homens acima de tudo e as mulheres como inimigas, concorrência, não como irmãs. Contudo, o ser humano tem sua personalidade e crenças formadas com base no ambiente em que vive. Se elas pensam assim, foi porque algo as fez acreditar nisso.
Tudo bem, você vive muito
melhor sem o feminismo e é mulher, mas e as outras que não vivem? Não é justo rebaixar a luta delas porque a sua já acabou. As pessoas aparentemente não entendem que cada
ser humano é único, cada situação tem suas particularidades e o que cabe a um
não cabe a todos. Portanto, não são solidárias, são intolerantes.
A sociedade prefere fechar
os olhos para as evidências do machismo que prega, porque quando a gente ignora
por muito tempo um problema, às vezes ele some. Às vezes ele se torna maior.
Como essas feministas chatas. Parece que nada é capaz de frear a luta dessas
queimadoras de sutiã alucinadas.
E quem vê assim, pensa que é
só queimar um sutiã, não entende a metáfora. Os sutiãs não se queimam simplesmente
por queimar, para dizer que as mulheres “podem”, e sim como um símbolo da
liberdade das mulheres dos antigos valores a elas atribuídos. O sutiã, por ser
uma peça feminina, é utilizado como esse símbolo. Os protestos nos quais as
mulheres tiram suas roupas podem até ser extremos, mas as feministas precisam
de atenção. Por que são chatas? Não. Porque são ignoradas. Ignoradas pelo
simples fato de serem mulheres, sabe, dramáticas, na tpm, desocupadas, sem
louça para lavar, querendo que os homens façam todo o trabalho doméstico.
Absurdo!
Portanto, vamos
ridicularizar e ignorar bastante, e quem sabe essas feministas parem de fazer
baderna, parem de tentar mudar hábitos que vigoram há séculos só porque não
concordam com eles, afinal, para que lutar por igualdade entre os sexos se todo
mundo já acha que ela existe? São só essas feministas chatas que inventam
motivo pra bagunçar porque não têm homens para cuidar.
E, sabe, é assim que temos certeza de que o problema não é fictício, porque existem pessoas fazendo um esforço tremendo para fingir que ele é. Se fosse, ninguém daria atenção, pois não haveria uma só pessoa nas ruas clamando por igualdade.
E, sabe, é assim que temos certeza de que o problema não é fictício, porque existem pessoas fazendo um esforço tremendo para fingir que ele é. Se fosse, ninguém daria atenção, pois não haveria uma só pessoa nas ruas clamando por igualdade.
Se as pessoas que utilizam
esses argumentos tivessem a sensibilidade de se colocarem, pelo menos uma vez
na vida, no lugar do próximo, talvez o mundo fosse mesmo um lugar melhor,
talvez os homens respeitassem as mulheres, pois ao se colocarem no lugar delas,
alguns poderiam pensar: “Nossa, eu não gostaria que alguém fizesse comentários
tão rudes sobre mim, pensando bem”, porém isso não acontece, porque homens não
são verbalmente assediados com tanta frequência, pois não é socialmente aceito que as mulheres digam
esse tipo de coisa. E enquanto isso continuar assim, as feministas terão pelo
que lutar.
Enquanto as mulheres não
puderem vestir o que querem para sair, precisarem de acompanhantes para andar
na rua à noite, e até em festas, precisarem ter cuidado com o que falam,
pensam, com as formas como agem, as feministas terão pelo que lutar. Porque se
os homens podem gozar de plena liberdade de fazer o que quiserem com as
mulheres, também deveria ocorrer o contrário. Inclusive, se a situação fosse
contrária, se de algum modo os homens fossem as vítimas, tenho certeza de que
muitos homens estariam nas ruas queimando cuecas e lutando pelos seus direitos.
Então a sociedade fecharia os olhos e pensaria: “Homens só sabem fazer drama! Esses machistas são muito chatos”.
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