(Foto: Reprodução) |
Ao fazer dezoito
anos, a primeira coisa que a maioria das pessoas (inclusive eu) faz é iniciar o
processo para entrar na auto escola e poder dirigir. Parece ser super legal,
dirigir, liberdade. Pena que não é. Antes de poder fazer as aulas teóricas é
preciso fazer exames de vista e psicológico, e parece que hoje em dia cada vez
mais pessoas estão reprovando nesse psicológico. Então, já é pelo menos um dia
inteiro gasto só com isso de fazer exame, marcar teste, fazer teste, torcer
para passar.
Eu iniciei o
processo muito animada, ainda estou louca para dirigir logo, porque parece que
quando a gente faz dezoito anos (claro, isso pode variar), fica cada vez mais
chato pedir carona para os pais e ter que andar de ônibus, pois sempre vai
estar martelando na sua cabeça: “Eu podia estar dirigindo...”. E deve ser ótimo
ter essa liberdade de sair quando quiser, sem precisar incomodar ninguém, sem
precisar pegar aquele ônibus lotado e ter que ir em pé de salto alto porque foi
o único jeito de se transportar para a festa. Claro, para quem pode pagar,
também há a opção de ir e vir de táxi, mas é muito mais barato (e libertador)
andar com seu próprio carro (ou dos pais que você pegou emprestado).
O que pouca gente se
lembra, contudo, é que dirigir envolve muita responsabilidade, não só no
trânsito para não atropelar as pessoas nem sair batendo nos outros carros, mas
em relação aos cuidados com seu automóvel. Tem a gasolina, as revisões, a
limpeza (ou você pode deixar seu carro sujo). Não é só ir dirigir, é preciso
ter autonomia de resolver os problemas do seu carro/moto quando aparecerem e
não só recorrer aos pais por ajuda, porque ter um meio de transporte próprio é
o primeiro passo para sair de casa (na minha opinião e, em especial, no caso de morar na mesma cidade que os
pais).
As pessoas estão
saindo da casa dos pais cada vez mais tarde, pois eles nos dão conforto o
suficiente para ficarmos o tempo necessário. É ótimo não precisar pagar contas,
ter poucas responsabilidades em comparação as que se teriam ao morar sozinho,
mas isso tem um efeito bastante negativo na autonomia, além de chegar certo
ponto (acredito que para a maioria, pelo menos) em que se torna muito incômodo
depender tanto dos pais. Sim, é mais fácil, porém é necessário assumir
responsabilidades na vida, isso vai acontecer mais cedo ou mais tarde. Por que
não mais cedo? Enquanto nos Estados Unidos, por exemplo, é comum os filhos
saírem de casa ao entrar na universidade (em especial porque lá eles têm a
opção de morar nessas instituições de maneira bem mais cômoda que no caso do
Brasil), no Brasil, a idade média em que os filhos deixam a moradia dos pais é 35 anos.
Se os pais
iniciassem uma educação sobre finanças desde a infância, seus filhos seriam
mais conscientes e capazes de viver sozinhos antes, acredito, pois entenderiam
melhor como funciona o mundo do dinheiro, assim como o fato de que seus pais
não o tiram de árvores, portanto não é justo ficar usufruindo disso quando se
pode ter o seu próprio. Claro que os pais não reclamam, eles fazem isso com
amor porque são nossos pais, estarão sempre presentes para nos apoiar, e para
muitos deles é positivo que seus filhos continuem em casa porque não querem se sentir
sozinhos. É mesmo um mundo complicado, muitos filhos não podem ver os pais com
tanta frequência porque precisam trabalhar muito e, cientes disso, muitos pais
preferem que seus filhos continuem em casa e em troca de provê-los ganham sua
companhia mais constante. Seu amor os impede de perceber que isso pode ser
negativo para seus filhos.
Acredito (e posso estar errada) que as pessoas que moram com os pais por
mais tempo podem ter dificuldades em assumir grandes responsabilidades no
futuro sem suporte significativo de terceiros, pois elas estarão acostumadas a ter alguém para apoiá-las em todas as ocasiões, mas nem sempre será assim, infelizmente. Além
disso, de acordo com essa pesquisa, esses indivíduos que moram com os pais por um tempo prolongado são pessoas que não toleram grandes
frustrações, afinal, seus responsáveis estiveram presentes em todos os momentos ruins para amenizar e
resolver tudo. Só que não podemos contar com a presença e apoio eterno dos outros,
nem dos nossos pais, pois não controlamos ninguém além de nós mesmos. Sim, os
pais ajudarão o quanto puderem, contudo é preciso aceitar que eles não
existirão por toda a eternidade. E depois? Quem vai pagar as contas?
Eu sempre quis morar sozinha. Quando era bem pequena (minha mãe pode confirmar) eu dizia que aos dezoitos anos já teria meu próprio apartamento (mal sabia eu que a vida não é assim) e meu próprio carro e meu próprio emprego e tudo já estaria certo para mim. Sempre quis ser mais independente, e sabia que assumir as responsabilidades de morar sem os pais seria a melhor maneira de sê-lo. Hoje sei que é muito mais fácil sonhar, ainda mais quando eu nem tenho uma renda própria, contudo, esses adultos que prolongam a estadia em casa certamente têm (se não tiverem, seu meio de vida é compreensível) e estão nessa situação por sua vontade. Quem sou eu para dizer que é errado? Para eles talvez não seja, mas para mim é, então o melhor que posso fazer é não repetir essas ações e seguir como considero ser o correto. Minha visão não é a certa, nem o é a de ninguém, cada um vive como cabe a si, contudo é inegável que há pontos bastante nocivos nesse prolongamento. Ao menos para mim. Prefiro uma vida dura, que se tornará macia com o tempo, do que uma vida fácil que de repente pode se tornar mais do que eu consigo aguentar no momento.
Bom, foi isso o que
essa nova etapa me fez parar para refletir e acho que é válido para todos
pensarem nisso um pouquinho, porque cedo ou tarde vamos ter que sair do
ninho e enfrentar o mundo. Eu prefiro começar cedo e quebrar logo a cara muitas
vezes para as coisas serem mais tranquilas no futuro. Mas minha opinião pode mudar a qualquer momento e, como sempre, estou aberta a novas ideias.
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